30/07/2022 às 07h53min - Atualizada em 30/07/2022 às 08h01min

Filha de mulher morta no Alemão quer exoneração de PM que admitiu ter efetuado disparo no local onde inocente morreu

'Minha mãe não vai voltar. Foi um despreparo dele. Ele precisa ser exonerado e preso, porque ele cometeu um crime', afirma Jennifer Sales. Caso é investigado, sob sigilo, pela Delegacia de Homicídios da Capital.

G1 MS
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'Minha mãe não vai voltar. Foi um despreparo dele. Ele precisa ser exonerado e preso, porque ele cometeu um crime', afirma Jennifer Sales. Caso é investigado, sob sigilo, pela Delegacia de Homicídios da Capital. Letícia Marinho Sales, morta no Complexo do Alemão
Arquivo Pessoal
Jeniffer Sales, filha de Letícia Marinho Sales, que morreu nos confrontos no Complexo do Alemão no dia 21 de julho, espera que a Polícia Militar exonere o policial suspeito de ter disparado os tiros que mataram sua mãe. No total, a operação deixou 17 mortos.
O cabo Eduardo Nunes Rodrigues Júnior, da UPP Parque Proletário, foi afastado das funções. O caso, que está sob sigilo, é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital.
Para Jennifer, no entanto, não basta o afastamento. Ela se disse "triste e revoltada" com a morte da mãe, e quer a exoneração do policial.
Jenifer e Jéssica, filhas de Letícia Marinho Sales, morta no Alemão
Cristina Boeckel/g1
"Ele precisa ser exonerado, porque se não ele vai continuar tirando outras vidas. A minha mãe não vai voltar. Foi um despreparo dele. Ele precisa ser exonerado e preso, porque ele cometeu um crime”, disse ela ao g1 nesta sexta-feira (29), oito dias depois da morte de sua mãe.
Jennifer, que mora na Vila Cruzeiro, no complexo da Penha, vizinho ao Alemão, contou que ainda sente que pode ter sido responsável pela morte da mãe. Letícia foi até o local para visitar suas filhas, Jéssica e Jennifer, e também ajudar em uma festa de uma igreja evangélica.
"Você fica com aquele peso na consciência: ‘Talvez se eu não morasse aqui ela não teria motivos para vir aqui, e se ela não tivesse motivo ela não teria vindo e não aconteceria isso' ", ponderou ela.
Jennifer afirmou ainda que não recebeu nenhum contato do governo do Estado sobre uma possível conversa com o governador Cláudio Castro.
Procurado, o Governo não respondeu até a publicação desta reportagem.
Atirou em colega, diz PM
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O Jornal Extra teve acesso ao depoimento do policial. Ele teria dito que reforçava o policiamento em torno do Alemão quando viu dois carros pararem lado a lado num sinal de trânsito.
Um deles era o carro onde estava Letícia. No outro carro estavam dois policiais.
Uma policial teria colocado o corpo para fora para se identificar mas, no depoimento, o cabo Eduardo Rodrigues disse não ter ouvido a identificação e que atirou doze vezes de fuzil pensando que se tratar de um bandido.
Um dos tiros atingiu o carro de Letícia, que já chegou morta na Unidade de Pronto Atendimento.
Letícia não era moradora da comunidade. Ela estava voltando para casa depois de ajudar uma amiga a organizar uma festa.
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Relembre o caso
Letícia foi baleada no dia 21 logo após sair da igreja, em um sinal de trânsito em uma das ruas que dão acesso ao Complexo do Alemão. Ela tinha três filhos e três netos.
Moradora do Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste, Leticia visitava a comunidade toda semana para ajudar uma amiga que é pastora. Na quinta-feira, ela estava voltando para casa depois de ajudar a organizar uma festa.
Ela foi baleada dentro do carro do namorado na Estrada do Itararé. Segundo Lucilene Mendes da Silva, cunhada de Letícia, não havia tiroteio no momento. Para ela, os policiais atiraram porque acharam que o carro da cunhada poderia ser de bandidos.
"Nem todo mundo que tem carro no morro é traficante. O menino que estava no carro com ela falou que abaixou o vidro do carro e eles saíram atirando nela", disse Lucilene durante o velório da cunhada.

Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2022/07/30/filha-de-mulher-morta-no-alemao-quer-exoneracao-de-pm.ghtml
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