28/07/2022 às 07h47min - Atualizada em 28/07/2022 às 08h01min

Morre aos 103 anos o cientista britânico James Lovelock, o 'profeta do clima'

Ao longo de sua carreira, Lovelock se apresentou como um 'cientista independente' e criou polêmica com uma visão apocalíptica da crise climática.

G1 MS
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Ao longo de sua carreira, Lovelock se apresentou como um 'cientista independente' e criou polêmica com uma visão apocalíptica da crise climática. Na foto, de 2014, o cientista e inventor James Lovelock, então com 94 anos, posa com uma de suas primeiras invenções, um dispositivo caseiro de cromatografia gasosa usado para medir gases e moléculas presentes na atmosfera.
Nicholas Ansell/PA via AP
O cientista britânico James Lovelock, conhecido por seus alertas precoces sobre a crise climática, morreu na terça-feira (26), dia de seu aniversário de 103 anos.
Ao longo de sua carreira, Lovelock se apresentou como um "cientista independente" e criou polêmica com uma visão apocalíptica da crise climática.
"É tarde, tarde demais para salvar o planeta como o conhecemos", disse ele à AFP em 2009, alguns meses antes da conferência climática de Copenhague (COP15), que terminou em fracasso.
"Preparem-se para grandes perdas humanas", costumava dizer, posição então minoritária no mundo científico.
A família informou que a saúde de Lovelock se deteriorou após uma queda recente. Até seis meses atrás, segundo os parentes, Lovelock “ainda era capaz de caminhar ao longo da costa, perto de sua casa em Dorset, e dar entrevistas”.
"Para o mundo, era conhecido como um pioneiro, um profeta do clima e o inventor da teoria de Gaia", disseram os parentes em um comunicado na quarta (27).
Carreira
Lovelock, nascido em 1919, cresceu no sul de Londres no período entreguerras e trabalhou para o Instituto Britânico de Pesquisa Médica por 20 anos. Alguns de seus experimentos analisaram o efeito da temperatura em organismos vivos e envolviam congelar hamsters e depois descongelá-los. Os animais sobreviveram.
No início dos anos 1960, ele foi contratado pela Nasa e se mudou para a Califórnia para trabalhar na possibilidade de vida em Marte.
Lovelock ficou conhecido por ter formulado a "hipótese de Gaia" em 1970, que apresenta a Terra como um ser vivo capaz de se autorregular – teoria que, na época, foi criticada por seus colegas.
Seu apoio à energia nuclear e suas críticas às energias renováveis – declarou em 2009 que elas "não tinham o menor impacto na luta contra o aquecimento global" – chocaram ambientalistas.
"Indiscutivelmente o cientista independente mais importante do século passado, Lovelock estava décadas à frente de seu tempo em seu pensamento sobre a Terra e o clima", elogiou o Museu de Ciências de Londres.
Em entrevista à AFP em junho de 2020, Lovelock chegou a relativizar a pandemia da Covid-19, que "mata principalmente os da minha idade – os mais velhos – e já são muitos".
"A mudança climática é mais perigosa para a vida na Terra do que quase qualquer outra doença concebível", disse.

Fonte: https://g1.globo.com/meio-ambiente/noticia/2022/07/28/morre-aos-103-anos-o-cientista-britanico-james-lovelock-o-profeta-do-clima.ghtml
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