17/07/2022 às 07h27min - Atualizada em 17/07/2022 às 08h00min

‘Ele riu de mim, me cortou, usou fórceps e me tocou 5 vezes em uma hora’, diz mulher que denuncia violência obstétrica em BH

O filho de Sabrina Carvalho teve edemas na cabeça. Mesmo com lei estadual que assegura o direito ao parto humanizado, ela teve que procurar três delegacias para conseguir registrar boletim de ocorrência.

G1 MS
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O filho de Sabrina Carvalho teve edemas na cabeça. Mesmo com lei estadual que assegura o direito ao parto humanizado, ela teve que procurar três delegacias para conseguir registrar boletim de ocorrência. Sabrina Carvalho denunciou violência obstétrica em BH
Carol Maia/Divulgação
No dia 28 de dezembro de 2019, Sabrina Carvalho entrou em trabalho de parto do primeiro filho. Ela já tinha definido o plano de parto, optando por um procedimento sem anestesia. A primeira equipe que a atendeu, por volta da 1h, respeitou sua vontade, mas com a troca de plantão, às 7h, veio o pesadelo.
“O médico já entrou fazendo muito barulho, me dando puxos enquanto eu estava de quatro apoios na maca. Ele insistia para me dar analgesia e eu disse que aguentava. Aí ele riu de mim com o anestesista. Me cortou, usou fórceps e ainda me tocou umas cinco vezes em uma hora”, contou Sabrina.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que o médico faça um toque vaginal na parturiente a cada quatro horas. Sabrina ainda foi obrigada a ficar deitada durante o parto, posição que ela havia recusado em seu plano de parto.
“Foi uma experiência horrorosa, de violência e desrespeito. Fiquei pedindo perdão para o meu filho e o médico ainda disse que eu estava sendo ridícula”, disse a mulher que estava acompanhada do marido, da doula - profissional que presta assistência à gestante durante e depois do parto - e de uma fotógrafa.
Brasil não tem lei federal que trate de violência obstétrica ou parto humanizado; maioria dos estados tem legislação sobre tema
O bebê de Sabrina ainda teve cefalohematoma, lesão causada por uma hemorragia no crânio, por causa do uso do fórceps.
Nesta semana, a violência obstétrica voltou a ser discutida depois que uma mulher foi vítima de estupro durante o parto no Rio de Janeiro.
Legislação
Não há lei federal que criminaliza a violência obstétrica. Porém, Minas Gerais tem uma lei, desde 2018, que assegura o direito das mulheres de receber atendimento humanizado, a fim de prevenir a violência obstétrica.
Mesmo assim, Sabrina teve que ir a três delegacias diferentes para fazer a denúncia contra o médico. O processo ainda corre na Justiça.
“Eu fiz a denúncia porque tinha noção da violência que estava sofrendo. Muitas mulheres sequer sabem que estão passando por maus-tratos durante o parto. Eu expus o que aconteceu comigo para ajudar e alertar outras mães”, disse Sabrina.
Ela está grávida pela segunda vez e se prepara para ressignificar a experiência do parto.
“Vai ser tudo diferente. Do jeito que planejei receber minha filha”, contou.
A Polícia Civil disse que boletins de ocorrência sobre violência obstétrica podem ser feitas em qualquer unidade policial. "Em todas as regionais, na capital, região metropolitana e interior, a vítima pode procurar a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher da cidade para denúncia e orientações", disse a corporação.
Além da legislação estadual, há também um projeto de lei sobre o assunto que tramita na Câmara Municipal de Belo Horizonte. O texto já foi aprovado em 1º turno, mas não há data para ser apreciado em 2º turno.
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Fonte: https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2022/07/17/ele-riu-de-mim-me-cortou-usou-forceps-e-me-tocou-5-vezes-em-uma-hora-diz-mulher-que-denuncia-violencia-obstetrica-em-bh.ghtml
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