22/03/2022 às 07h57min - Atualizada em 22/03/2022 às 08h00min

Ribeirão, chafariz e nado no Tietê: no Dia da Água saiba como os moradores de Mogi já buscaram abastecimento e diversão

Rio Tietê é fonte para o abastecimento da cidade. Moradores antigos da cidade usaram o rio para lazer e pescaria.

G1 MS
https://g1.globo.com/sp/mogi-das-cruzes-suzano/noticia/2022/03/22/ribeirao-chafariz-e-nado-no-tiete-no-dia-da-agua-saiba-como-os-moradores-de-mogi-ja-buscaram-abastecimento-e-diversao.ghtml

Rio Tietê é fonte para o abastecimento da cidade. Moradores antigos da cidade usaram o rio para lazer e pescaria. Antiga Ponte Grande sobre o Rio Tietê em Mogi das Cruzes
Reprodução/Memória Fotográfica de Mogi das Cruzes
Atualmente é do Rio Tietê que sai grande parte da água que abastece Mogi das Cruzes, mas desde a formação do povoado, em 1560, houve muitos capítulos na história do abastecimento do município, que tem atualmente mais de 450 mil habitantes. Nessa terça-feira (22), Dia Mundial da Água, o g1 mostra como os moradores já buscaram água para beber, comer e para outros afazeres.
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A cidade, por exemplo, já foi abastecida por um ribeirão que cortava alguns pontos da área central da então Vila de Sant’Anna de Mogi Mirim. Em outros tempos chafarizes ajudaram no abastecimento e até um tanque para lavar roupas existiu no Centro.
Aguada da Vila
Em 1611, da região do atual bairro do São João vinha a água que abastecia a então Vila de Sant’Anna de Mogi Mirim. O livro “50 anos do Semae – História do Serviço Municipal de Águas e Esgotos de Mogi das Cruzes” relata que, de acordo com historiadores, o termo Mogi Mirim se refere a um ribeirão de mesmo nome que corria ao lado do povoamento e também era conhecido como “aguada da vila”.
Segundo a publicação, hoje ele está canalizado, mas corria por terras onde se formou o bairro São João e a região conhecida como Nossa Senhora dos Remédios, próximo ao Largo Prefeito Francisco Ribeiro Nogueira, até desaguar no Rio Negro.
Serra do Itapeti e Tietê
Já no começo do século 20, a água que abastecia a cidade vinha da Serra do Itapeti. Na área eram duas as fontes que enviavam o recurso tão precioso para os moradores: Muniz e Veríssimo.
De acordo com o Serviço Municipal de Águas e Esgoto (Semae) em 1929, a estimativa era que a captação encaminhava à cidade em torno de 7 litros por segundo por meio de uma adutora. Um reservatório de aproximadamente 2 milhões de litros foi construído para armazenar esse volume e fazer a distribuição da água para a população do perímetro urbano. A estrutura foi inaugurada em 14 de julho de 1929.
O Semae destaca que a captação de água do Rio Tietê para o abastecimento da cidade começou somente em 1951. A captação era feita em uma estrutura construída às margens da atual Avenida João XXIII, na época conhecida como Estrada do Rio Acima.
A partir disso, a captação dos mananciais da Serra do Itapeti foi encerrada após cerca de 50 anos de utilização. Desde então, o Semae foi investindo em estações de tratamento e reservatórios. Hoje, segundo a autarquia, 98% da água da área urbana da cidade é fornecida pelo Semae, sendo que 60% da água consumida pelos mogianos é produzida pelo Semae a partir do Rio Tietê, na Estação Pedra de Afiar.
Água para Lavar e Nadar
A água em Mogi das Cruzes também já foi consumida em chafarizes espalhados pela cidade. O livro “50 anos do Semae – História do Serviço Municipal de Águas e Esgotos de Mogi das Cruzes” destaca que em janeiro de 1901, por ordem da Câmara, o engenheiro Antonio do Nascimento Moura inicia a execução de um mapa da cidade, com o plano necessário para a implantação de rede de esgoto.
O trabalho é realizado em seis meses e, em julho do mesmo ano, a planta e o projeto são concluídos. Nessa época, como identifica o historiador Isaac Grinberg, no livro “Memória Fotográfica de Mogi das Cruzes”, a população se servia de seis chafarizes espalhados pela cidade, de algumas nascentes e de córregos e riachos.
Na região central, por exemplo, uma das nascentes, hoje canalizada, ficava na região conhecida como “Quatro Cantos”, na atual Rua Coronel Souza Franco, próxima ao cruzamento com a hoje denominada Rua Capitão Manoel Caetano. Outra ficava na baixada da atual Rua Capitão Paulino Freire, próximo à Rua Ipiranga.
Tanque originado da nascente conhecida como "biquinha", onde as mulheres se reuniam para lavar roupa
Reprodução/ Memória Fotográfica de Mogi das Cruzes
Um curso d’água conhecido como Córrego dos Bambus formava uma espécie de bica na Rua São João em frente ao encontro com a Rua 1º de Setembro. Era nesse ponto que as mulheres da região se reuniam para lavar roupa.
O livro do Semae aponta que em 1932 a Prefeitura construiu um grande tanque no local. Ele facilitava a tarefa e continuou ali até a canalização do córrego. Hoje na área está uma praça.
Outro costume entre as décadas de 40 e 50 era nadar no Rio Tietê. A primeira piscina do Clube Náutico foi o famoso “cocho” sobre o Tietê. Uma estrutura de madeira cercava uma parte do rio perto da margem e possibilitava que as pessoas nadassem ali.
A bióloga Nadja Soares de Moraes lembra das histórias que a mãe, Rosa Soares de Moraes, contava sobre o cocho. “Ela estudava em uma escola pública e na época a educação física era natação no cocho. Quando ela tinha uns 10, 11 anos, era inverno e muito frio e minha mãe faltou nas aulas. E acabou repetindo de ano por causa dessas faltas.”
Primeira piscina do Clube Náutico o famoso cocho sobre o Rio Tietê
Reprodução/ Memória Fotográfica de Mogi das Cruzes
Além do Rio Tietê Nadja, diz que a mãe contava das pescarias que fazia no Ribeirão Ipiranga no encontro com o Rio Negro. A bióloga destaca que hoje não é possível nadar e nem pescar no trecho do Tietê em Mogi.
“A gente tem análise do Tietê no Rio Acima, no limite entre Mogi e Biritiba, oxigênio bom, mas nível alto de fósforo e nitrato por conta dos insumos agrícolas jogados na margem do Tietê. Ainda tem qualidade de água boa, mas tem contaminação, especialmente nos peixes. Sabe que no caso de insumos agrícolas contém metais pesados e química bioacumulativa. Então, se come o peixe, o metal pesado vai para o organismo.”
Nadja explica que quando o rio entra em Mogi ele recebe uma carga de esgoto dos córregos que serpenteiam o Tietê. “No Rodeio tem carga alta porque, por mais que tenha estação de tratamento, ela não bombeia toda a carga de esgoto de Mogi.”
Mas a boa notícia é que o Tietê pode ser despoluído e o primeiro passo é o tratamento do esgoto da cidade. “Não jogar mais esgoto tanto doméstico que é a maior parte que polui, mas também essa carga de esgoto da agricultura e indústria. Por mais que a indústria tenha tratamento, tem um caso ou outro que acaba no Tietê. A natureza do rio e da biodiversidade consegue reciclar as impurezas e dar boa qualidade para o rio. Ao longo do seu percurso ele se recicla e consegue filtrar as impurezas e limpar.”
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Fonte: https://g1.globo.com/sp/mogi-das-cruzes-suzano/noticia/2022/03/22/ribeirao-chafariz-e-nado-no-tiete-no-dia-da-agua-saiba-como-os-moradores-de-mogi-ja-buscaram-abastecimento-e-diversao.ghtml
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