14/10/2022 às 07h50min - Atualizada em 14/10/2022 às 08h00min

Número de mortes por meningite no Alto Tietê até outubro de 2022 já supera os últimos quatro anos

Levantamento aponta que o número de casos registrados nos primeiros 10 meses do ano também é maior do que o observado ao longo de 2021 inteiro.

G1 MS
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Levantamento aponta que o número de casos registrados nos primeiros 10 meses do ano também é maior do que o observado ao longo de 2021 inteiro. Vacinação é uma das formas de prevenção contra a meningite
Prefeitura/Divulgação
O número de mortes provocadas pela meningite no Alto Tietê entre janeiro e outubro de 2022 já supera o total registrado até dezembro dos últimos três anos, de acordo com dados enviados pelas prefeituras a pedido do g1.
Nos primeiros 10 meses do ano, a região contabilizou 11 vítimas fatais pela doença. Os dados também mostram que o índice de casos confirmados chegou a 80, o que representa um aumento em relação a 2021, quando foram registrados 77 ao longo de todo ano.
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Apesar disso, nenhum município relatou surto de meningite desde 2019. Situação diferente da capital paulista, que está em alerta. Até o fim de setembro, São Paulo havia registrado mais de 50 casos e nove óbitos.
O balanço inclui Arujá, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Santa Isabel e Suzano. Os municípios e Biritiba Mirim e Salesópolis também foram questionados, mas não responderam.
Das cidades que enviaram informações, três tiveram aumento no número de mortes por meningite. Suzano, que não teve nenhum registro ao longo de todo o ano de 2021, passou para três até o início de outubro desse ano.
Itaquaquecetuba passou de três para quatro. Guararema e Santa Isabel tiveram uma morte cada uma, enquanto Mogi das Cruzes foi a única que teve redução: de seis no ano passado, foi para duas. Arujá, Ferraz de Vasconcelos e Poá não notificaram mortes em nenhum dos dois anos.
Entre os casos, o aumento ocorreu em quatro cidades. São elas Itaquaquecetuba, que passou de 17 para 22; Santa Isabel, que teve dois registros no ano passado e agora foi para três; Arujá, que subiu de uma para três; e Guararema, que não teve registros em 2021, mas teve um agora.
Outros três municípios tiveram queda. Entre eles estão Mogi das Cruzes, que foi de 32 confirmações para 29; Ferraz de Vasconcelos, que passou de sete para seis; e Poá, que teve três e agora soma três 1 em 2022, segundo dados das prefeituras.
Suzano foi a única cidade que se manteve em 15 notificações positivas em ambos os anos.
O que é a meningite
Neisseria meningitidis, a bactéria que causa a meningite meningocócica.
Wikimedia
As meninges são membranas que envolvem todo o sistema nervoso central. A meningite ocorre quando há alguma inflamação desse revestimento, o que pode ser causado por micro-organismos, alergias a medicamentos, câncer e outros agentes.
A meningite tem uma alta taxa de mortalidade e sequelas, como surdez, perda dos movimentos, além de outros danos ao sistema nervoso. As crianças são a faixa etária mais atingida, e os pacientes devem ter um acompanhamento por pelo menos 6 meses depois da doença.
A transmissão ocorre quando pequenas gotas de saliva da pessoa infectada entram em contato com as mucosas do nariz ou da boca de alguém saudável. Isso pode acontecer por meio da tosse, espirro, beijos ou por outras formas de contato com secreções eliminadas pelo trato respiratório (nariz e boca).
“É importante falar de transmissão, porque quando a gente fala de adolescentes e adultos jovens, 10% pode carregar o meningococo, sem ter doença. Veja como é importante tentar controlar essa bactéria com a prevenção, que seria a vacinação. Sendo assim, o uso até de máscaras e cuidados de higiene são importantes”.
“O problema, na verdade, é que além da disseminação muito fácil, ela tem sintomas muito comuns no início do quadro. Os pacientes relatam dor de cabeça, febre, mal-estar, cansaço excessivo. Nem todos os pacientes podem apresentar aquela rigidez de nuca, que impede de encostar o queixo no peito”, explica o imunologista Alex Prado.
Já as meningites bacterianas são mais graves e devem ser tratadas imediatamente, em ambiente hospitalar, com administração de antibióticos. Em ambos os casos, os sintomas podem incluir febre alta, mal-estar, vômito e dores fortes de cabeça e no pescoço.
Preocupação
É justamente a forma mais grave da meningite, a transmitida por bactérias, que está gerando preocupação no Estado de São Paulo, como afirma Prado. Outro sinal de alerta está no público atingido pela doença. Apesar de as crianças serem mais atingidas, jovens adultos e idosos também estão sendo vitimados.
“Ela pode ter várias causas e a principal, que a gente tem discutido esses dias, é a meningite meningocócica. É causada por uma bactéria chamada neisseria meningitidis, que tem vários sorotipos. Esses sorotipos classificam essa neisseria de várias formas. Atualmente, a gente tem falando sobre um sorotipo específico que é o c”.
“É uma doença que pode ser letal, tem uma letalidade alta. Cerca de 10% a 20% dos pacientes podem morrer de meningite. Uma morte que pode acontecer de 24 a 48 horas do início dos sintomas, inclusive. A gente está falando de uma doença bastante grave, que tem um perfil de gravidade muito maior em crianças”.
A suspeita é de que o surto tenha surgido em decorrência da baixa na vacinação. Durante os anos mais críticos da pandemia, a população aderiu a formas de proteção – como o distanciamento e as máscaras – que também contribuíram para uma queda nos casos de meningite. Agora, com a volta à rotina de antes, a doença ressurgiu com força.
“Os casos de meningite acontecem todos os anos, mas nós temos tido aumento em algumas regiões específicas, principalmente nesse período. Lembrando que isso se deve, isso são teorias, mas provavelmente às baixas taxas de vacinação. A gente que a cobertura vacinação vem caindo nos últimos anos”, ressalta.
“A gente sabe que os sorotipos principais, A, B, C, W e Y são preveníveis por vacina. Eu tenho vacina para esses sorotipos todos. Isso vem melhorando ao longo do tempo. Até sete anos antes nós não tínhamos vacina no Brasil para o Meningo B. O Meningo C já vem sendo prevenido, porque as crianças recebem no calendário vacinal há algum tempo, disponível na rede pública”.
O imunologista destaca que, para além da imunização e de outros cuidados com a higiene, neste momento a população deve ficar atenta aos sintomas e procurar ajuda médica assim que desconfiar da infecção.
“Se você tem esses sintomas, vale a pena procurar atendimento médico para uma avaliação sim. Os pacientes podem começar com um quadro extremamente leve e evoluir progressivamente, muito rapidamente. São pacientes que devem ser internados, usar antibióticos. E, mesmo assim, a mortalidade ainda é alta”.
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Fonte: https://g1.globo.com/sp/mogi-das-cruzes-suzano/noticia/2022/10/14/numero-de-mortes-por-meningite-no-alto-tiete-ate-outubro-de-2022-ja-supera-os-ultimos-quatro-anos.ghtml
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