08/10/2022 às 07h19min - Atualizada em 08/10/2022 às 08h00min

'Sheik do Bitcoin' atribuiu golpes à 'fraude interna' durante live para clientes

Francisley Valdevino da Silva é suspeito de liderar quadrilha investigada por fraudes bilionárias envolvendo criptomoedas em diversos países.

G1 MS
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Francisley Valdevino da Silva é suspeito de liderar quadrilha investigada por fraudes bilionárias envolvendo criptomoedas em diversos países. Francisley Valdevino da Silva, conhecido como 'Sheik dos Bitcoins'
Reprodução/Jornal Hoje
Francisley Valdevino da Silva, conhecido como "Sheik do Bitcoin", afirmou que as empresas pelas quais é responsável tiveram fraudes internas e problemas de gestão.
A afirmação foi feita em 27 de setembro durante uma chamada de vídeo privada com clientes das empresas de Francisley. O g1 e a RPC tiveram acesso ao conteúdo da conversa.
"Vou adiantar para vocês: a empresa teve fraude? Teve fraude interna sim. Teve problema de gestões? Sim. Nós tivemos muitas coisas que aconteceram com ex-funcionários e ex-contratados da empresa onde devido a recuperação vamos estar colocando perante a juíza todos os acontecimentos", afirmou Francisley.
Francisley é suspeito de liderar uma quadrilha investigada por fraudes bilionárias envolvendo criptomoedas, com vítimas no Brasil e no exterior. A Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação nesta quinta-feira (6) para cumprir 20 mandados de busca e apreensão no âmbito das investigações.
Segundo a polícia, o suspeito intermediou a movimentação de cerca de R$ 4 bilhões no Brasil por meio de fraudes envolvendo pirâmide financeira com comercialização de criptomoedas, lavagem de ativos e crimes contra o sistema financeiro.
Quem é Francisley Valdevino da Silva, conhecido como 'Sheik dos Bitcoins'
Polícia divulga empresas do 'Sheik dos Bitcoins'; veja nomes
De acordo com Filipe Hille Pace, delegado da PF, o suspeito deu mesma versão dita na live à polícia.
Porém, o delegado afirma que as investigações constataram que Francisley concentrava as operações das empresas e que nunca existiu atividade comercial do grupo.
"O que se passou a provar ao longo da investigação é que o principal investigado controlava todos os aspectos da empresa, mas todo recurso que ingressava ficava à disposição dele, e ele gastava como convinha, fosse com a aquisição de bens de luxo, itens de vestuário de grife, jóias, relógios, carros, propriedades luxuosas", afirmou o delegado.
Durante a live, várias pessoas comentam no chat da transmissão fazendo cobranças ao empresário:
"Não é justo pai não ter comida para por na mesa por causa de você", disse uma das vítimas.
"O jeito que esse cretino fala com todos nós, é uma piada", disse outra.
Operação da PF mira organização investigada por fraudes bilionárias envolvendo criptomoedas no Brasil e no exterior
Divulgação/Polícia Federal
Investigações
O delegado da PF disse que a investigação contra o suspeito começou em março deste ano, depois de um pedido de cooperação policial internacional feito pela Interpol.
O pedido informava sobre uma investigação que identificou uma organização criminosa, liderada por Francisley, em Curitiba.
Operação da PF fez buscas contra grupo investigado por fraudes bilionárias envolvendo criptomoedas no Brasil e no exterior
Divulgação/Polícia Federal
A investigação apontou que a quadrilha aplicava golpes desde 2016 e que há registros de fraudes em pelo menos onze países.
A polícia destacou que na lista de vítimas também estão jogadores de futebol, que não tiveram os nomes revelados.
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A investigação apontou que alguns membros da família de Francisley também se envolveram nas fraudes. De acordo com a PF, os familiares eram funcionários das empresas, e se apropriavam dos valores investidos pelas vítimas.
Quadrilha liderada por brasileiro utilizava dinheiro de fraudes envolvendo criptomoedas para compra de imóveis de alto padrão, segundo a polícia
Divulgação/Polícia Federal
'Modus operandi'
A PF disse que o suspeito fazia grandes doações para igrejas, fator que, segundo a PF, alavancou a atuação do golpe.
"Ele se inseriu em um meio religioso e conseguiu que grandes representantes desse meio investissem e virassem sócios minoritários daquela plataforma. Dessa forma ele arrecadava clientes desse meio religioso", explicou o delegado da Polícia Federal.
Ainda conforme o delegado, o esquema começou a ruir no fim de 2021, quando Francisley não conseguiu mais pagar o que devia aos clientes.
Investigados por fraudes envolvendo criptomoedas no Brasil e no exterior usavam parte do dinheiro para compra de relógios e outros itens de luxo
Divulgação/Polícia Federal
O que diz o suspeito
O g1 procurou novamente nesta sexta-feira (7) defesa do acusado e aguarda resposta.
Na quinta-feira (6), após a operação da PF, a defesa do acusado afirmou que a operação é "medida usual em procedimentos investigatórios dessa natureza".
O suspeito também disse que está disponível para prestar esclarecimentos na esfera judicial e extrajudicial "com escopo de comprovar a efetiva regularidade e licitude das operações empresarias, bem como de todas minhas condutas"
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Fonte: https://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2022/10/08/sheik-do-bitcoin-atribuiu-golpes-a-fraude-interna-durante-live-para-clientes.ghtml
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