14/07/2022 às 07h50min - Atualizada em 14/07/2022 às 08h00min

Morte de mulher trans por policial militar no ES: veja o que se sabe até agora

De acordo com a Polícia Militar, a vítima, que é trans, teria fugido de abordagem e atacou militares, que reagiram. Já os moradores disseram que ela foi executada.

G1 MS
https://g1.globo.com/es/espirito-santo/noticia/2022/07/14/morte-de-mulher-trans-por-policial-militar-no-es-veja-o-que-se-sabe-ate-agora.ghtml

De acordo com a Polícia Militar, a vítima, que é trans, teria fugido de abordagem e atacou militares, que reagiram. Já os moradores disseram que ela foi executada. Mulher trans conhecida como 'Lara Croft' foi morta a tiros em Cariacica
Reprodução/TV Gazeta
Uma mulher trans foi morta a tiros por um policial militar, na madrugada desta quarta-feira (12), no bairro Alto Lage, em Cariacica, na Grande Vitória.
Segundo a Polícia Militar, houve confronto, mas moradores da região negam.
Esta reportagem traz informações sobre os seguintes pontos:
Quem era a vítima?
O que diz a Polícia Militar?
O que diz a família da vítima?
O que dizem os moradores da região?
Alguém foi preso?
O caso está sendo investigado?
1. Quem era a vítima?
A vítima era chamada de "Lara Croft" e tinha 34 anos. Segundo a mãe, Silvania da Costa Santos, a filha tinha problemas psiquiátricos agravados pelo uso de drogas e já foi internada, inclusive compulsoriamente, outras vezes.
2. O que diz a Polícia Militar?
De acordo com a Polícia Militar, durante um patrulhamento pelas ruas do bairro, militares viram a mulher trans e um homem em atitudes suspeitas e os dois resistiram à abordagem.
Ainda segundo a PM, ela tentou agredir dois policiais militares e teria retirado da bolsa um barbeador com o objetivo de agredir os agentes. A PM divulgou também que ela tentou pegar a arma de um dos militares, que reagiu e a atingiu com cinco tiros.
De acordo com o relatório da perícia da Polícia Civil, a vítima foi atingida na mão esquerda, no peito, no pescoço, no rosto e nas costas.
A mulher foi socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas não resistiu aos ferimentos.
O homem que estava com ela fugiu e não foi localizado pelos policiais.
Mulher foi morta a tiros por policial no ES, PM disse que houve confronto e moradores negaram
3. O que diz a família da vítima?
A mãe da vítima, disse que falou com a filha pela última vez durante a tarde de terça (11).
"A última vez que eu liguei pra ela foi de tarde. Ela disse que estava bem e estava na rua mas não podia falar porque podiam roubar o celular dela. Quando cheguei ao local do crime, a identidade e o celular não estavam lá", contou.
Ainda de acordo com Silvania, a filha tinha problemas psiquiátricos agravados pelo uso de drogas.
"Morreu de uma maneira muito covarde. Nunca andou armada, nunca mexeu com tráfico. Usuária eu digo que era, era doente de usar drogas. Covardia o que fizeram. Não sei quem foi mas Jesus sabe. Justiça será feita aqui na Terra e no céu. Ela estava doente. Precisando de ajuda e não de violência. Precisava de atendimento psicológico. Cheguei a pensar até em juiz para interná-la compulsoriamente. Tenho os laudos do psiquiatra dela. Disseram que o uso de drogas estava deixando ela com esquizofrenia. Era pra ter internado ela em uma clínica de recuperação", falou.
Silvania disse que Lara era sua única filha. Sobre a versão da PM, de que a filha teria agredido policiais militares, Silvania disse que ela nunca foi agressiva e que havia outras formas de contê-la.
"Ela me amava. Um coração maravilhoso. Eles eram fortes, eram muitos. Por que não fizeram da mesma forma que fizeram quando foram dentro da minha casa para interná-la? Poderiam fazer o mesmo. Foram com escudo, arma não-letal. Por que não agiram dessa maneira também? Por que não entrou em contato comigo? Por que não levaram aos conhecimentos do juiz? Ela estava precisando de ajuda. Não precisava perder a vida", falou a mãe.
4. O que dizem os moradores da região?
Moradores conversaram com a reportagem e contestaram a versão da PM. Para eles, a mulher não atacou os policiais e foi executada durante a abordagem.
Segundo um dos moradores, que preferiu não se identificar, disse que Lara tinha o costume de fazer piadas com os policiais quando eles abordavam alguém no bairro e que os PMs não gostavam e já teriam a ameaçado.
"O policial chegou para abordar. Mas não era uma abordagem comum. A Lara falou algo que ele não gostou. Ele partiu pra cima dela, deu vários socos na cabeça e vários tiros nela e ela não teve como reagir. Ele matou ela sentada. Ela não tinha ideia certa. Fazia tratamento psiquiátrico, tomava aquele monte de remédio. Ela foi executada porque ela não estava com nada. Eles estão abusando. Ontem foi a Lara e hoje pode ser meu filho. Eu acho que rolou um preconceito também", relatou.
Sobre a versão dos moradores de que a vítima teria sido executada, a PM foi procurada pelo g1, mas não retornou até a última atualização da reportagem.
Mulher trans conhecida como 'Lara Croft' foi morta a tiros em Cariacica
Reprodução/TV Gazeta
5. Alguém foi preso?
Não, ninguém foi preso até a última atualização desta reportagem.
6. O caso está sendo investigado?
O caso foi registrado no plantão do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) como morte em confronto com agente do estado e está sendo investigado pela Polícia Civil.
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Fonte: https://g1.globo.com/es/espirito-santo/noticia/2022/07/14/morte-de-mulher-trans-por-policial-militar-no-es-veja-o-que-se-sabe-ate-agora.ghtml
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