29/05/2022 às 07h37min - Atualizada em 29/05/2022 às 08h00min

Virada Cultural: Arrastões, agressões, roubos e furtos de celulares marcam madrugada com show interrompido

Apresentação do funkeiro MC Kevinho foi paralisada no Vale do Anhangabaú, Centro de São Paulo, por orientação da prefeitura após repetidos episódios de violência durante show entre a noite de sábado (28) e madrugada de domingo (29).

G1 MS
https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2022/05/29/virada-cultural-arrastoes-roubos-e-furtos-de-celulares-agressoes-marcam-madrugada-com-show-interrompido.ghtml

Apresentação do funkeiro Kevinho foi paralisada no Vale do Anhangabaú por orientação da prefeitura após repetidos episódios de violência Marcas de sangue no Vale do Anhangabaú, na Virada Cultural
Victor Farias/g1
A madrugada da Virada Cultural de sábado (28) para domingo (29), em São Paulo, foi marcada por violência no palco principal do evento, no Vale do Anhangabaú, centro da capital. O g1 esteve no local e viu arrastões, roubos e furtos de celulares, agressões e a interrupção de um show por causa da confusão.
Parte do público criticou a atuação das forças de segurança. Acusou policiais militares e guardas-civis metropolitanos de não agirem para impedir os crimes. A reportagem ainda presenciou o momento que agentes da Polícia Militar (PM) bateram com cassetete numa estudante, que precisou de atendimento médico em razão dos ferimentos.
Guardas e policiais chegaram a dizer à reportagem que tiveram prisões de suspeitos de crimes na região. O g1 entrou em contato com a PM e Guarda Civil Metropolitana (GCM) para comentarem o assunto, mas os órgãos não tinham se posicionado até a última atualização desta matéria.
A violência fez com que o show de Kevinho, programado para as 23h de sábado, fosse paralisado antes do fim. O funkeiro afirmou que pessoas estavam "se machucando" e que a decisão era uma orientação da prefeitura. Durante o show, foi possível ver pessoas sendo levadas por bombeiros ao pronto-socorro, além de cenas de correria e de agressão.
Estabelecimentos que vendiam comida e bebida no local também interromperam o serviço antes do previsto devido à insegurança. Funcionárias das lanchonetes relataram medo de ir embora da região e diziam que não teriam aceitado o trabalho, caso soubessem que a noite seria daquela forma — sentimento reverberado por outros profissionais que trabalhavam no evento.
"Vamos ficar aqui até o pessoal vir tirar a gente, o segurança", disse a atendente Ingrid Rodrigues, de 24 anos, que estava junto dos demais funcionários presos em uma das lojas, como forma de proteção.
Revoltado, parte do público criticou a segurança da Virada Cultural. Fã de Kevinho, João Portela, de 26 anos, foi agredido durante o show do funkeiro ao lado de sua mãe. A reportagem encontrou ele com o rosto inchado e com marcas de sangue.
"Estamos ali na praça, o que eu estou ali já foram uns 15 arrastões, ali não tem policiamento, ali não tem nada, é só bandido. Se eles não levam o que eles querem, eles te batem", comenta.
Logo após o fim intempestivo do show do funkeiro, Portela e um grupo de pessoas que tinha sido vítima de algum tipo de violência ou presenciado algum crime circundaram um carro da guarda municipal questionando a falta de segurança do evento.
Vinicius Vasconcelos, de 27 anos, era um dos mais exaltados no grupo. "Acontecem arrastões o tempo inteiro. Se a gente ficar parado aqui a gente vai ver um grupo de pessoas se aproximando de alguém, eles escolhem alguém e batem até pegar as coisas dessa pessoa", explica.
Ele afirmou que a mudança na organização do evento, que passou a ser mais concentrado no Vale neste ano, tornou o deslocamento entre palcos mais seguro, mas não houve "nenhuma melhora" na segurança além dessa. "A atuação da polícia é a mesma", disse.
Leticia Dias, de 22 anos, que também estava neste grupo junto com amigos, disse que estava em "pânico" na sua primeira Virada Cultural e que queria ir embora do local, mas tinha medo de ser assaltada no caminho. Ela foi ao Anhangabaú para ver Mamba Negra, mas pretendia ir embora antes disso.
"Não vai dar, simplesmente não tem condições de ficar aqui. Muita gente machadada, arrastão...", disse.
As gêmeas cearenses Nayara e Nayane Baldez, de 28 anos, se surpreenderam com a violência do evento e brincaram que "Fortaleza é fichinha na frente da Virada". "Não é muito boa a impressão", disse Nayara.
"É um evento bom, mas sem segurança", completou Nayane. Elas disseram que "pensariam bem" antes de voltar ao evento em uma outra edição.
Público curte mesmo assim
O sentimento de insegurança, mais presente no começo da madrugada, não foi suficiente para impedir que o público aproveitasse a primeira Virada Cultural presencial depois de dois anos. Além de jovens, crianças e famílias também participaram da festa.
Veterana de Virada Cultural, Marcia de Souza, de 56 anos, estava na grade do palco principal na madrugada ao lado de sua sobrinha Maria Eduarda, de 13 anos, que foi ao evento pela primeira vez. Ela disse que sempre vem ao evento e que estava tranquila em relação à segurança.
"Acho esse evento maravilhoso, tem que continuar, mas com mais segurança", afirmou, acrescentando que a primeira Virada Cultural é como "o primeiro sutiã: você nunca esquece".
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Victor Farias/g1
A artista Lívia Casagrande, de 19 anos, que se classificou como uma "apaixonada pela Virada", disse que estava curtindo bastante a noite e que já "está acostumada" com a insegurança, mas criticou a estrutura do evento: "Cadê a polícia?"
As amigas Luiza Santos, de 30 anos, e Carolina Paiva, de 29 anos, também falaram do clima de insegurança, mas ressaltaram o sentimento positivo que é voltar à rua depois de 2 anos de pandemia.
"Eu comentei com a Luiza que estava muito feliz de sair sem medo da Covid-19 ", disse Carolina. As duas também reforçaram a importância da vacinação contra a doença.

Fonte: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2022/05/29/virada-cultural-arrastoes-roubos-e-furtos-de-celulares-agressoes-marcam-madrugada-com-show-interrompido.ghtml
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